HOMEOPATIA:
Ciência, Filosofia e Arte de Curar


Interesse Geral 

Sedentarismo como obstáculo à cura - Benefícios da atividade física regular na prevenção das doenças 

Sedentarismo como Obstáculo à Cura - Benefícios da Atividade Física Regular na Prevenção, Reabilitação e Tratamento das Doenças

 

Em diversos parágrafos do Organon da arte de curar, Samuel Hahnemann incentiva aspectos atuais das práticas de “promoção à saúde”, colocando-se como um verdadeiro “conservador da saúde” ao exortar o médico a “conhecer os fatores que perturbam a saúde” e “afastar os fatores que provocam e sustentam a doença” nos seus pacientes:

“Ao mesmo tempo, ele [o médico] é um conservador da saúde se conhecer os fatores que a perturbam e que provocam e sustentam a doença, e souber afastá-los das pessoas sadias.” (Organon, §4) 

Dentre esses fatores, o “modo de vida e de alimentação” e o “sedentarismo” são considerados por Hahnemann como “obstáculos à cura” que devem ser removidos para “facilitar o tratamento” e minimizar as “influências nocivas e outros erros no regime de vida causadores de doenças”:

“A seguir, devem ser levados em consideração a idade do doente, seu modo de vida e de alimentação, sua situação doméstica, suas relações sociais etc., a fim de verificar se esses elementos contribuíram para aumentar seu mal ou até que ponto poderão favorecer ou dificultar o tratamento [...].” (Organon, §208)

“Daí, a tão grande necessidade de uma cuidadosa eliminação de tais obstáculos à cura, no caso de doentes crônicos, pois sua doença foi, geralmente, agravada por tais influências nocivas e outros erros no regime de vida causadores de doenças que, frequentemente, passam despercebidos. (...vida sedentária em recintos fechados ou mera movimentação passiva...)”. (Organon, §260)

“O regime de vida mais apropriado, durante o uso de medicamentos em doenças crônicas, baseia-se na remoção de tais obstáculos ao restabelecimento e, eventualmente, quando necessário, acrescentando-se o inverso: distração inofensiva à mente e ao psiquismo, exercício ativo ao ar livre sob quase todas as condições climáticas (passeios diários, pequenas atividades manuais), alimentos e bebidas adequados, nutritivos e desprovidos de ação medicamentosa, etc.”. (Organon, §261)

Fundamentando o brilhantismo do fundador da Homeopatia, estudos recentes evidenciam suas sábias recomendações, trazendo ao “verdadeiro artista da cura” os subsídios para incentivar seus pacientes nas práticas de vida saudáveis, incrementando as respostas ao tratamento homeopático.


 

Evidências Científicas dos Benefícios da Atividade Física Regular

 

Estudo de coorte prospectiva (20.000 homens e mulheres de 20 a 93 anos, entre 1976-2003) comparou os dados de 1.116 homens e 762 mulheres que costumavam praticar corrida com os dados dos demais indivíduos que não costumavam correr, chegando às seguintes conclusões: “Correr de 1 a 2,5 horas por semana reduz chances de morte (doenças coronárias, AVC, doenças respiratórias e câncer) em até 44% em homens e em mulheres, além de aumentar em 6,2 e 5,6 anos a expectativa de vida dos sexos masculino e feminino, respectivamente. O benefício é maior quando a atividade é feita com essa frequência e em ritmo leve a moderado”.

- Schnohr P, Lange P, Scharling H, Jensen JS. Long-term physical activity in leisure time and mortality from coronary heart disease, stroke, respiratory diseases, and cancer. The Copenhagen City Heart Study. Eur J Cardiovasc Prev Rehabil. 2006; 13(2): 173-179. Disponível em

 

Estudo multicêntrico realizado nos Estados Unidos, Canadá, Austrália e Noruega, que acompanhou milhares de indivíduos por décadas, mostrou que a falta de atividade física pode ser considerada uma pandemia e é tão grave que diminui a expectativa de vida da mesma forma que o tabagismo e a obesidade. Está no sedentarismo a causa para 10% das doenças não transmissíveis, como diabetes, câncer e problemas cardíacos. Assim sendo, baixos índices de atividades físicas entre a população de um país são melhores indicadores de mortalidade do que problemas como obesidade ou hipertensão, os níveis de exercícios devem ser considerados como um sinal vital, e o hábito precisa ser mais frequentemente aconselhado aos pacientes pelos profissionais de saúde. Os autores estimam que se a inatividade diminuir em 10% ou 25%, mais de 533.000 e 1.3 milhões de mortes, respectivamente, poderiam ser evitadas todos os anos.

- Lee IM, Shiroma EJ, Lobelo F, et al. Effect of physical inactivity on major non-communicable diseases worldwide: an analysis of burden of disease and life expectancy. Lancet. 2012; 380(9838): 219-229. Disponível em

 

Alto índice de massa corporal (IMC) predispõe a vários tipos de câncer e o objetivo deste estudo foi investigar as ligações entre o IMC e os 22 tipos de câncer mais comuns. 5,24 milhões de indivíduos foram incluídos neste estudo, com 166955 cânceres de interesse desenvolvidos. IMC associou-se com 17 dos 22 tipos de câncer estudados, com efeitos variados substancialmente pela localização do câncer. Cada aumento de 5 kg/m2 de IMC, aproximadamente, foi diretamente associado com cânceres de útero, vesícula biliar, rim, colo do útero, tireóide e leucemia. IMC também apresentou associação positiva com câncer de fígado, cólon, ovário e mama na pós-menopausa, com variações individuais. Concluiu-se que a causalidade, 41% do câncer de útero e 10% ou mais dos cânceres de cólon, rim, fígado e vesícula biliar poderia ser atribuída ao excesso de peso. Estimou-se que um aumento na população de 1 kg/m2 de IMC resultaria, apenas no Reino Unido, em 3790 pacientes adicionais/ano desenvolvendo um dos dez cânceres positivamente relacionados ao IMC. Neste estudo, concluiu-se que o aumento do IMC (sobrepeso, obesidade) está associado com o risco de câncer, com efeitos significativos na população. A heterogeneidade nos efeitos sugere que diferentes mecanismos estão associados com os diferentes tipos de câncer em diferentes subgrupos de pacientes.

- Bhaskaran K, et al. Body-mass index and risk of 22 specific cancers: a population-based cohort study of 5·24 million UK adults. Lancet, 2014; 384(9945): 755-765. Disponível em

 

Outro estudo recente publicado no British Medical Journal avaliou a relação entre tecido adiposo (gordura), obesidade e risco de câncer. Objetivo: Avaliar a força e a validade das evidências da associação entre a adiposidade e o risco de desenvolver ou morrer de câncer. Desenho do estudo: Revisão tipo guarda-chuva de revisões sistemáticas e meta-análises. Critérios de elegibilidade: Revisões sistemáticas ou meta-análises de estudos observacionais que avaliaram a associação entre os índices de adiposidade e o risco de desenvolver ou morrer de câncer. Resultados: 204 meta-análises investigaram associações entre sete índices de adiposidade e o risco de desenvolver ou morrer de 36 cânceres primários e seus subtipos. De 95 meta-análises que incluíram estudos de coorte e usaram uma escala contínua para medir adiposidade, apenas 12 associações (13%) para nove tipos de câncer foram apoiadas por fortes evidências. Um aumento no índice de massa corporal foi associado com um risco maior de desenvolver adenocarcinoma do esôfago; câncer de cólon e câncer retal em homens; câncer no trato biliar e no pâncreas; câncer de endométrio em mulheres na pré-menopausa; câncer de rim; e mieloma múltiplo. Ganho de peso e relação da circunferência cintura-quadril foram associados com maiores riscos de câncer de mama na pós-menopausa em mulheres que nunca utilizaram terapia de reposição hormonal e câncer de endométrio, respectivamente. O aumento do risco de desenvolver câncer para cada 5 kg/m2 de aumento no índice de massa corporal variou de 9% (risco relativo 1,09; intervalo de confiança de 95% 1,06 para 1.13) para câncer de reto entre homens e de 56% (1,56; 1,34 para 1,81) para o câncer do sistema biliar. O risco de câncer de mama pós-menopausa entre as mulheres que nunca usaram TRH aumentou em 11% para cada 5 kg de ganho de peso na idade adulta (1,11; 1,09 para 1,13) e o risco de câncer de endométrio aumentou em 21% Para quadril (1,21; 1,13 para 1,29). Cinco associações adicionais foram apoiadas por fortes evidências quando medidas categóricas de adiposidade foram incluídas: ganho de peso com câncer de cólon e reto; índice de massa corporal com câncer de vesícula biliar, cárdia gástrica e ovário; e mortalidade em mieloma múltiplo. Conclusões: Embora a associação de adiposidade com risco de câncer tem sido estudada extensivamente, associação para apenas 11 tipos de câncer (adenocarcinoma esofágico, mieloma múltiplo e cânceres da cárdia gástrica, cólon, reto, sistema biliar, pâncreas, mama, endométrio, ovário e rim) foram apoiadas por fortes evidências. Outras associações poderiam ser genuínas, mas substancial incerteza permanece. A obesidade está se tornando um dos maiores problemas de saúde pública; força de evidências sobre os riscos associados podem permitir melhor seleção das pessoas em maior risco de câncer, que poderiam ser alvo para estratégias de prevenção personalizadas.

- Kyrgiou M, et al. Adiposidade e câncer nos principais locais anatômicos: revisão geral da literatura. BMJ 2017;356:j477. Disponível em

 

Priorizando o condicionamento físico perante a obesidade, fator de risco consagrado, estudo publicado no European Heart Journal evidencia que a atividade física regular protege indivíduos obesos de desenvolverem diversas doenças crônicas. Essa pesquisa analisou dados de 43 mil americanos divididos em grupos conforme o nível de obesidade e os resultados em testes de colesterol, pressão arterial e condicionamento físico. Após um acompanhamento por cerca de 14 anos, os pesquisadores perceberam que os obesos considerados saudáveis após os exames tiveram um risco 38% menor do que os não saudáveis de morrer por qualquer causa. A redução de morte por problema cardíaco ou câncer foi de 30% a 50%. O desempenho desses gordos 'em forma' ao longo do tempo foi similar ao dos magros saudáveis.

- Francisco B. Ortega, Duck-chul Lee, Peter T. Katzmarzyk, et al. The intriguing metabolically healthy but obese phenotype: cardiovascular prognosis and role of fitness. European Heart Journal. 2012. Disponível em

 

Com resultados análogos ao estudo anterior, pesquisa recente demonstrou que a aptidão cardiovascular em homens na meia idade pode predizer o risco futuro de câncer: 'os resultados de um amplo estudo prospectivo de 20 anos indicam que um alto nível de aptidão cardiovascular em homens na meia idade reduz os riscos de desenvolver e morrer de câncer de pulmão e colorretal, dois dos cânceres mais comuns na população masculina. A performance cardiovascular também reduz o risco de morrer de câncer de próstata, apesar de não estar associada ao desenvolvimento da doença'. Disponível em

 

Metanálise evidencia que a atividade física regular apresenta benefícios semelhantes aos tratamentos convencionais por drogas na mortalidade e na prevenção secundária de doença coronariana, na reabilitação após acidente vascular cerebral, no tratamento da insuficiência cardíaca e na prevenção da diabetes.

- Naci H, loannidis JPA. Comparative effectiveness of exercise and drug interventions on mortality outcomes: metaepidemiological study. BMJ. 2013; 347: f5577. Disponível em 

 

Diversos estudos têm demonstrado os efeitos neuroprotetores cerebrais da atividade física (aeróbica), minimizando o declínio cognitivo e o risco do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas (demências). Meta-análise de estudos prospectivos evidenciou um risco significativamente reduzido de demência estava associada ao exercício na meia-idade; da mesma forma, o exercício na meia-idade reduziu significativamente riscos posteriores de transtorno cognitivo leve em vários estudos. Entre os pacientes com demência ou transtorno cognitivo leve, ensaios controlados randomizados (ECR) evidenciaram melhora cognitiva após 6 a 12 meses de exercício, em comparação com controles sedentários. Meta-análises de ECRs de exercícios aeróbios em adultos saudáveis também foram associados com melhoras significativas nas pontuações cognitivas. Um ano de exercício aeróbio em um grande ECR de idosos foi associado com volumes hipocampais significativamente maiores e melhor memória espacial; outro ECR em idosos evidenciou a atenuação da perda do volume de massa cinzenta idade-relacionada com exercício aeróbio. Estudos transversais também demonstraram volumes significativamente maiores de massa hipocampal ou cinza entre os idosos fisicamente aptos, em comparação com idosos inaptos. Redes cognitivas do cérebro estudadas com ressonância nuclear magnética funcional mostraram melhora da conectividade após 6 a 12 meses de exercício. Estudos em animais indicaram que o exercício facilita a neuroplasticidade através de uma variedade de mecanismos biológicos, com melhoria nos resultados da aprendizagem. Indução de fatores neurotróficos cerebrais pelo exercício foi confirmada em vários estudos em animais, com evidências indiretas para este processo em seres humanos.

- Ahlskog JE, Geda YE, Graff-Radford NR, Petersen RC. Physical exercise as a preventive or disease-modifying treatment of dementia and brain aging. Mayo Clin Proc. 2011; 86(9): 876–884. Disponível em

- Lautenschlager NT, Cox K, Cyarto EV. The influence of exercise on brain aging and dementia. Biochim Biophys Acta. 2012; 1822(3): 474-481. Disponível em

Heger I, Deckers K, van Boxtel M, de Vugt M, Hajema K, Verhey F, Köhler S. Dementia awareness and risk perception in middle-aged and older individuals: baseline results of the MijnBreincoach survey on the association between lifestyle and brain health. BMC Public Health. 2019 Jun 3;19(1):678. Disponível em

 

As doenças neurológicas e mentais representam uma proporção considerável da carga global de doenças. O exercício tem muitos efeitos benéficos na saúde do cérebro, contribuindo para a diminuição dos riscos de demência, depressão e estresse, e tem um papel na restauração e manutenção da função cognitiva e do controle metabólico. O fato de o exercício ser percebido pelo cérebro sugere que fatores periféricos induzidos pelos músculos permitem a interferência direta entre a função muscular e a cerebral. O músculo secreta mioquinas que contribuem para a regulação da função do hipocampo. Há evidências de que a mioquina catepsina B atravessa a barreira hematoencefálica para aumentar a produção de fatores neurotróficos derivados do cérebro e, portanto, a neurogênese, a memória e o aprendizado. O exercício aumenta a expressão do gene neuronal do FNDC5 (que codifica a mioquina dependente de PGC1α, FNDC5), o que também pode contribuir para o aumento dos níveis dos fatores neurotróficos derivados do cérebro. Os níveis séricos da IL-6, precursora de mioquina, aumentam com o exercício e podem contribuir para a supressão dos mecanismos centrais da alimentação. O exercício também aumenta a expressão muscular dependente de PGC1α das enzimas quinurenina aminotransferase, que induz uma mudança benéfica no equilíbrio entre a quinurenina neurotóxica e o ácido cinurênico neuroprotetor, reduzindo assim os sintomas semelhantes à depressão. A sinalização da mioquina, outros fatores musculares e hepatocinas e adipocinas induzidas pelo exercício estão implicadas na mediação do impacto benéfico induzido pelo exercício na neurogênese, função cognitiva, apetite e metabolismo, apoiando a existência de uma alça endócrina músculo-cérebro.

Pedersen BK. Physical activity and muscle–brain crosstalk. Nature Reviews Endocrinology 2019: 15: 383-392. Disponível em

 

Em relação aos distúrbios psíquiátricos, o exercício físico regular tem sido proposto como uma terapia complementar que pode ajudar a melhorar os sintomas residuais da depressão e prevenir recaídas.

  - Rimer J, Dwan K, Lawlor DA, et al. Exercise for depression. Cochrane Database Syst Rev. 2012; 7: CD004366. Disponível em

  - Blake H. Physical activity and exercise in the treatment of depression. Front Psychiatry. 2012; 3:106. Disponível em

   - Achttien R, van Lieshout J, Wensing M, van der Sanden MN, Staal JB. Symptoms of depression are associated with physical inactivity but not modified by gender or the presence of a cardiovascular disease; a cross-sectional study. BMC Cardiovasc Disord. 2019 Apr 25;19(1):95. Disponível em

 

Na ansiedade (stress), a atividade física tem o mesmo papel, existindo evidências que o exercício voluntário atua na 'regulação epigenética' responsável pela manifestação do distúrbio.

  - Pan-Vazquez A, Rye N, Ameri M, McSparron B, et al. Impact of voluntary exercise and housing conditions on hippocampal glucocorticoid receptor, miR-124 and anxiety. Mol Brain. 2015; 8: 40. Disponível em

 

Revisão sugere a prescrição de exercícios como medicamento para o tratamento de 26 diferentes doenças: doenças psiquiátricas (depressão, ansiedade, stress, esquizofrenia); doenças neurológicas (demência, doença de Parkinson, esclerose múltipla); doenças metabólicas (obesidade, dislipidemia, síndrome metabólica, síndrome do ovário policístico, diabetes tipo 2, diabetes tipo 1); doenças cardiovasculares (hipertensão, doença coronariana, insuficiência cardíaca, apoplexia cerebral e claudicação intermitente); doenças pulmonares (doença pulmonar obstrutiva crônica, asma, fibrose cística); perturbações músculo-esqueléticas (osteoartrite, osteoporose, dor nas costas, artrite reumatóide); e câncer.

  - Pedersen BK, Saltin B. Exercise as medicine - evidence for prescribing exercise as therapy in 26 different chronic diseases. Scand J Med Sci Sports. 2015; 25 Suppl 3: 1-72. Disponível em

 

Outra ampla revisão, que avaliou 1,44 milhões de participantes e 186.932 pacientes portadores de cânceres, evidenciou que a atividade física moderada foi capaz de diminuir o risco de ocorrência de 13 tipos de câncer: adenocarcinoma esofágico, fígado, pulmão, rim, cárdia, endometrial, leucemia mielóide, mieloma, cólon, cabeça e pescoço, retal, bexiga e de mama. Associações foram geralmente similares entre os indivíduos com sobrepeso/obesidade e com peso normal.

  - Moore SC, Lee IM, Weiderpass E, Campbell PT, Sampson JN, Kitahara CM, et al. Association of Leisure-Time Physical Activity With Risk of 26 Types of Cancer in 1.44 Million Adults. JAMA Intern Med. 2016 May 16. Disponível em

  - Minlikeeva AN, Cannioto R, Jensen A, Kjaer SK, Jordan SJ, Diergaarde B, Szender JB, Odunsi K, Almohanna H, Mayor P, Starbuck K, Zsiros E, Bandera EV, Cramer DW, Doherty JA, DeFazio A; Australian Ovarian Cancer Study Group, Edwards R, Goode EL, Goodman MT, Høgdall E, Matsuo K, Mizuno M, Nagle CM, Ness RB, Paddock LE, Pearce CL, Risch HA, Rossing MA, Terry KL, Wu AH, Modugno F, Webb PM, Moysich KB; Ovarian Cancer Association Consortium. Joint exposure to smoking, excessive weight, and physical inactivity and survival of ovarian cancer patients, evidence from the Ovarian Cancer Association Consortium. Cancer Causes Control. 2019 May;30(5):537-547. Disponível em

  - Wong MC, Ding H, Wang J, Chan PS, Huang J. Prevalence and risk factors of colorectal cancer in Asia. Intest Res. 2019 May 20. Disponível em

  - Ligibel JA, Basen-Engquist K, Bea JW. Weight Management and Physical Activity for Breast Cancer Prevention and Control. Am Soc Clin Oncol Educ Book. 2019 Jan;39:e22-e33. Disponível em

 

Apesar das enormes evidências que indicam a associação direta entre o consumo de álcool e o risco de mortalidade por câncer, estudo prospectivo utilizando oito bancos de dados britânicos e que pesquisou 36.370 indivíduos mostrou que associação entre risco de mortalidade e ingestão de álcool foi atenuada (todas as causas) ou quase anulada (câncer) entre os indivíduos que praticavam atividade física regular.

  - Perreault K , Bauman A, Johnson N, Britton A, Rangul V, Stamatakis E. Does physical activity moderate the association between alcohol drinking and all-cause, cancer andcardiovascular diseases mortality? A pooled analysis of eight British population cohorts. Br J Sports Med. 2016 Aug 31. pii: bjsports-2016-096194. doi: 10.1136/bjsports-2016-096194. Disponível em

 

Os dados sobre a falta de atividade física da população brasileira são alarmantes. Na última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2013, mostra que aproximadamente metade das pessoas sequer atingiu a recomendação mínima preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para a prática por semana, ou seja, 150 minutos de atividade moderada ou 75 minutos em ritmo mais intenso. As mulheres estão em desvantagem em relação aos homens. É maior o número de mulheres que não se exercitam, cerca de 51%, enquanto os homens, é de 43%. A prática regular da atividade física influencia no controle de peso e no nível de gordura, além de atuar diretamente sobre hormônios e marcadores inflamatórios. A falta dela aumenta o risco de incidência de alguns tipos de câncer, principalmente os que foram objetos de estudo, o de mama e o de cólon. A pesquisa trouxe mais detalhes sobre o assunto:  os pesquisadores concluíram que até 8.600 casos de câncer em mulheres e 1.700 casos de câncer em homens poderiam ter sido evitados simplesmente com o aumento dos exercícios semanais. Conforme afirma Rezende, esses casos correspondem à 19% da incidência de câncer de cólon e 12% de câncer de mama no Brasil.

  - Rezende LFM, Garcia LMT, Mielke GI, Lee DH, Wu K, Giovannucci E, Eluf-Neto J. Preventable fractions of colon and breast cancers by increasing physical activity in Brazil: perspectives from plausible counterfactual scenarios. Cancer Epidemiol. 2018 Jul 19;56:38-45. doi: 10.1016/j.canep.2018.07.006. Disponível em


O aconselhamento ao paciente sobre condicionamento físico permanece subutilizado na atenção primária, apesar de sua eficácia clínica e econômica. A maioria das intervenções de aconselhamento concentrou-se na atividade aeróbica e negligenciou outro componente vital da aptidão física, o fortalecimento muscular, que recentemente demonstrou ser independentemente protetor contra doenças cardiometabólicas e mortalidade prematura. Este artigo analisa as evidências científicas mais recentes e faz recomendações para uma abordagem mais abrangente para promover a aptidão física na atenção primária. Dada a alta prevalência e os amplos impactos sobre a saúde da inatividade física, o aconselhamento sobre aptidão física deve ser uma parte padrão da promoção do bem-estar e prevenção e tratamento de doenças para todos os pacientes. Intervenções que incluem o fortalecimento muscular terão um impacto significativamente maior nos resultados de saúde do que aquelas focadas apenas na aptidão aeróbica. Aconselhamento para promover a aptidão aeróbica e o fortalecimento muscular é indicado para todos os pacientes, independentemente do peso corporal, e deve começar cedo e continuar ao longo da vida.

  - Crump C, Sundquist K, Sundquist J, Winkleby MA. Exercise Is Medicine: Primary Care Counseling on Aerobic Fitness and Muscle Strengthening. J Am Board Fam Med. 2019 Jan-Feb;32(1):103-107. Disponível em

 

Redução dos níveis de atividade física na vida diária das pessoas causa o desenvolvimento de síndromes metabólicas ou doenças relacionadas com a idade. Agora, inflamação crônica é entendida como uma condição patológica subjacente, na qual células inflamatórias, tais como neutrófilos e monócitos/macrófagos infiltram na gordura e outros tecidos e se acumulam quando as pessoas se tornam obesas devido a excessos e/ou inatividade física. Mediadores pró-inflamatórios, tais como citocinas que são secretadas em excesso de células inflamatórias não só conduziem ao desenvolvimento de arteriosclerose quando eles cronicamente afetam os vasos sanguíneos, mas também trazem a degeneração do tecido e/ou disfunção de vários órgãos. Inflamação crônica também está envolvida na sarcopenia que traz hipofunção em idosos, demência, osteoporose, câncer e afeta negativamente em muitas doenças crônicas e a expectativa de vida saudável do povo. Neste trabalho, contornos de tais estudos são apresentados em termos de inflamação homeostática, que ocorre cronicamente devido ao sistema imunitário inato e suas anormalidades, e focando a eficácia do exercício físico em aspectos da imunologia e estresse oxidativo. Os efeitos preventivos dos ingredientes de alimentos funcionais em combinação com exercício também são introduzidos e descritos. Os desafios e direções futuras em compreender o papel do exercício no controle da inflamação crônica são discutidas.

  - Suzuki K. Chronic Inflammation as an Immunological Abnormality and Effectiveness of Exercise. Biomolecules. 2019 Jun 7;9(6). pii: E223. Disponível em

 

Esse estudo teve como objetivo avaliar as associações de longo prazo da atividade física na mortalidade por todas as causas, doenças cardiovasculares e câncer. A mortalidade de 14.599 homens e mulheres (40 a 79 anos) de uma coorte prospectiva européia (European Prospective Investigation into Cancer and Nutrition-Norfolk cohort) foi avaliada segundo estilo de vida e outros fatores de risco. Adultos e idosos, incluindo aqueles com doenças cardiovasculares e câncer, podem obter benefícios substanciais de longevidade, tornando-se mais fisicamente ativos, independentemente dos níveis passados de atividade física e fatores de risco estabelecidos. Consideráveis impactos na saúde da população podem ser alcançados com o compromisso consistente na atividade física em todas as fases da vida.

  - Mok A, Khaw KT, Luben R, Wareham N, Brage S. Physical activity trajectories and mortality: population based cohort study. BMJ. 2019 Jun 26;365:l2323. Disponível em

 

Atividade física regular melhora a saúde geral e tem a capacidade de reduzir o risco de doenças crônicas e a morte. No entanto, a melhor compreensão da relação entre vários comportamentos de risco de estilo de vida e resultados de doença é pertinente para priorizar a saúde pública. O objetivo desta revisão sistemática foi examinar a associação entre inatividade física em combinação com comportamentos de risco adicional de estilo de vida (tabagismo, álcool, dieta ou comportamento sedentário) para doenças cardiovasculares, câncer e mortalidade. No total, foram identificados 25.639 estudos. Entre os 25 estudos elegíveis, os participantes que relataram ser fisicamente ativo combinado a buscar outros objetivos de comportamento de saúde, em comparação com aqueles que foram categorizados como fisicamente inativo e não buscavam outros objetivos de estilo de vida positivo, tinham uma probabilidade superior a 50% em experimentar um evento/incidente de doenças cardiovasculares (DCV), morrerem de DCV ou morrerem de qualquer causa. Esses achados foram consistentes em todo o seguimento do estudo, sexo e idade, e mesmo após a exclusão de estudos de qualidade inferiores. Observou-se também uma tendência semelhante entre os poucos estudos que foram restringidos aos resultados de câncer. Altos níveis de atividade física, em combinação com outras escolhas de estilo de vida positivo, está associado a melhores resultados de saúde.

 - Lacombe J, Armstrong MEG, Wright FL, Foster C. The impact of physical activity and an additional behavioural risk factor on cardiovascular disease, cancer and all-cause mortality: a systematic review. BMC Public Health. 2019 Jul 8;19(1):900. Disponível em

 

 

Atualizando estas evidências científicas, inúmeros estudos recentes reiteram que a atividade física regular é um fator de prevenção (reabilitação/tratamento) para diversas doenças:

 

Doenças não transmissíveis (diabetes, problemas cardiovasculares e câncer)

- Ding DRogers Kvan der Ploeg HStamatakis EBauman AE. Traditional and Emerging Lifestyle Risk Behaviors and All-Cause Mortality in Middle-Aged and Older Adults: Evidence from a Large Population-Based Australian Cohort. PLoS Med. 2015 Dec 8;12(12):e1001917. Disponível em

- de Rezende LFRabacow FMViscondi JYLuiz Odo CMatsudo VKLee IM. Effect of physical inactivity on major noncommunicable diseases and life expectancy in Brazil. J Phys Act Health. 2015; 12(3): 299-306. Disponível em

- Bielemann RMSilva BGColl Cde VXavier MOSilva SG. Burden of physical inactivity and hospitalization costs due to chronic diseases. Rev Saude Publica. 2015; 49: 1-8. Disponível em

- Bouchard C, Blair SN, Katzmarzyk PT. Less Sitting, More Physical Activity, or Higher Fitness? Mayo Clin Proc. 2015; 0(11): 1533-40. Disponível em

- Omura JD, Carlson SA, Paul P,  et al. Adults Eligible for Cardiovascular Disease Prevention Counseling and Participation in AerobicPhysical Activity-United States, 2013. MMWR Morb Mortal Wkly Rep. 2015; 64(37): 1047-51. Disponível em

- Okwechime IORoberson SOdoi A. Prevalence and Predictors of Pre-Diabetes and Diabetes among Adults 18 Years or Older in Florida: A Multinomial Logistic Modeling Approach. PLoS One. 2015; 10(12): e0145781. Disponível em

- Turi BC, Monteiro HL, Fernandes RA, Codogno JS. The impact of physical activity on mitigation of health care costs related to diabetes mellitus: findings from developed and developing settings Diabetes mellitus and physical exercise. Curr Diabetes Rev. 2015 Oct 15. [Epub ahead of print]. Disponível em

- Franklin BA, Brinks J. Cardiac Rehabilitation: Underrecognized/Underutilized. Curr Treat Options Cardiovasc Med. 2015; 17(12): 62. Disponível em

- Arena R, Lavie CJ, Cahalin LP, et al. Transforming cardiac rehabilitation into broad-based healthy lifestyle programs to combat noncommunicable disease. Expert Rev Cardiovasc Ther. 2016; 14(1):23-36. Disponível em

- Kenfield SABatista JLJahn JL et al. Development and Application of a Lifestyle Score for Prevention of Lethal Prostate Cancer. J Natl Cancer Inst. 2015; 108(3). Disponível em

- Pizot CBoniol MMullie P et al. Physical activity, hormone replacement therapy and breast cancer risk: A meta-analysis of prospective studies. Eur J Cancer. 2015; 52: 138-154. Disponível em

- Bade BCThomas DDScott JBSilvestri GA. Increasing physical activity and exercise in lung cancer: reviewing safety, benefits, and application. J Thorac Oncol. 2015; 10(6): 861-71. Disponível em

- Silva DAS, Naghavi M, Duncan BB, Schmidt MI, de Souza MFM, Malta DC. Physical inactivity as risk factor for mortality by diabetes mellitus in Brazil in 1990, 2006, and 2016. Diabetol Metab Syndr. 2019 Feb 28;11:23. Disponível em

- Hupin D, Raffin J, Barth N, Berger M, Garet M, Stampone K, Celle S, Pichot V, Bongue B, Barthelemy JC, Roche F. Even a Previous Light-Active Physical Activity at Work Still Reduces Late Myocardial Infarction and Stroke in Retired Adults Aged>65 Years by 32%: The PROOF Cohort Study. Front Public Health. 2019 Mar 19;7:51. Disponível em

 

Correlação epigenética entre inatividade física (sedentarismo) e doenças crônicas

 - Hamilton OKL, Zhang Q, McRae AF, Walker RM, Morris SW, Redmond P, Campbell A, Murray AD, Porteous DJ, Evans KL, McIntosh AM, Deary IJ, Marioni RE. An epigenetic score for BMI based on DNA methylation correlates with poor physical health and major disease in the Lothian Birth Cohort. Int J Obes (Lond). 2019 Mar 6. Disponível em

 

Insuficiência renal

- Brück K, Stel VS, Fraser S, De Goeij MC, Caskey F, Abu-Hanna A, Jager KJ. Translational research in nephrology: chronic kidney disease prevention and public health. Clin Kidney J. 2015; 8(6): 647-55. Disponível em

- Hayhurst WS, Ahmed A. Assessment of physical activity in patients with chronic kidney disease and renal replacement therapy. Springerplus. 2015; 4: 536. Disponível em

 

Cirrose hepática

- Ramos-Lopez O, Martinez-Lopez E, Roman S, Fierro NA, Panduro A. Genetic, metabolic and environmental factors involved in the development of liver cirrhosis in Mexico. World J Gastroenterol. 2015; 21(41): 11552-66. Disponível em

 

Artrite juvenil idiopática

- Gueddari SAmine BRostom S, et al. Physical activity, functional ability, and disease activity in children and adolescents with juvenile idiopathic arthritis. Clin Rheumatol. 2014; 33(9): 1289-94. Disponível em

- Bohr AHNielsen SMüller KKarup Pedersen FAndersen LB. Reduced physical activity in children and adolescents with Juvenile Idiopathic Arthritis despite satisfactory control of inflammation. Pediatr Rheumatol Online J. 2015; 13(1): 57. Disponível em

 

Distúrbios psiquiátricos (ansiedade, depressão)

- Joyce S, Modini MChristensen H  et al. Workplace interventions for common mental disorders: a systematic meta-review. J Psychol Med. 2015; 1: 1-15. Disponível em

 

Doença de Alzheimer

- Beydoun MABeydoun HAGamaldo AATeel AZonderman ABWang Y. Epidemiologic studies of modifiable factors associated with cognition and dementia: systematic review and meta-analysis. BMC Public Health. 2014; 14: 643. Disponível em

- Norton SMatthews FEBarnes DEYaffe KBrayne C. Potential for primary prevention of Alzheimer's disease: an analysis of population-based data. Lancet Neurol. 2014; 13(8): 788-94. Disponível em

- MacDonald JPBarnes DEMiddleton LE. Implications of Risk Factors for Alzheimer's Disease in Canada's Indigenous Population. Can Geriatr J.  2015; 18(3): 152-8. Disponível em

 

Degeneração macular

- Ding DRogers Kvan der Ploeg HStamatakis Subhi Y,Munch IC, Singh A, Sørensen TL. [Physical activity benefits patients with age-related macular degeneration]. Ugeskr Laeger. 2015; 177(34): 1624-7. Disponível em 

 

Disfunção erétil

   - Gerbild H, Larsen CM, Graugaard C, Areskoug Josefsson K. Physical Activity to Improve Erectile Function: A Systematic Review of Intervention Studies. Sex Med. 2018 Jun;6(2):75-89. Disponível em

  - Duca Y, Calogero AE, Cannarella R, Giacone F, Mongioi LM, Condorelli RA, La Vignera S. Erectile dysfunction, physical activity and physical exercise: Recommendations for clinical practice. Andrologia. 2019 Jun;51(5):e13264. Disponível em

 

Dentre inúmeras outras doenças (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/?term=physical+inactivity+disease).

 

Com esses dados, esperamos trazer subsídios que conscientizem e estimulem os indivíduos a incorporarem atividade física e práticas de vida saudáveis na sua rotina diária, melhorando sua saúde e sua qualidade de vida.

 

Dr. Marcus Zulian Teixeira



HOMEOPATIA:
Ciência, Filosofia e Arte de Curar

Prof. Dr. Marcus Zulian Teixeira
Rua Teodoro Sampaio, 352 - Cj.128
CEP 05406-000 - São Paulo - SP
(11) 3083-5243 | 3082-6980
marcus@homeozulian.med.br
Todos os direitos reservados a Marcus Zulian Teixeira - Escritório de Direitos Autorais - Fundação Biblioteca Nacional