HOMEOPATIA:
Ciência, Filosofia e Arte de Curar


Interesse Geral 

Pesquisa em homeopatia: qual é a ´solucionática´, companheiros? - Informativo APH 

Pesquisa em homeopatia: qual é a 'solucionática', companheiros? - Informativo APH

Teixeira MZ. E a 'solucionática', companheiros? Informativo APH 2003; 15(88): 4-7.

 

“A mente que se abre a uma nova idéia, jamais volta ao seu tamanho original” – Albert Einstein

No avião, a caminho do VII Encontro de Homeopatia da Ilha do Mel (PR), ao ler a matéria do jornalista Clóvis Rossi publicado no jornal “Folha de São Paulo” (13/03/2003) com o subtítulo deste artigo, que comentava as bombásticas declarações de dirigentes do PT sobre a imperiosidade de se apoiar a implantação das reformas propostas pelo governo anterior, desprezadas e perseguidas por eles quando faziam parte da oposição, pensei nas recentes manifestações de colegas homeopatas que tecem críticas aos modelos de pesquisa em homeopatia desenvolvidos no passado e no presente, sem trazer soluções efetivas a esta necessidade premente da episteme homeopática, a fim de que não permaneçamos na marginalidade do movimento científico contemporâneo.

Em sua coluna na seção 'Opinião' do jornal “Folha de São Paulo”, o jornalista escreve que 'os brasileiros acabam de ser informados de que o PT passou praticamente toda a sua vida equivocado', pois esta era a 'única conclusão possível a se tirar do mea culpa do líder do governo no Senado, Aloísio Mercadante, segundo quem seu partido errou ao não ajudar a aprovar as reformas propostas pelo governo FHC'. Acrescenta ainda que o PT não descobriu, como sinal de sua maturidade política, o valor das reformas propostas no passado, nem que estas representem o Santo Graal: 'é igualmente possível que o PT apenas prove ser (ou ter sido) campeão na hora de apontar a problemática. Quando é preciso vir com a solucionática, patina, tergiversa, pede calma dia sim, outro também, e faz mea culpa'.

Ambas atitudes, dos políticos e dos homeopatas citados, explícitas em suas declarações, evidenciam uma tendência conservadora e reacionária: conservadora, 'opondo-se às reformas previsíveis e necessárias ao processo evolutivo natural' (na homeopatia, por exemplo, a necessidade de aproximação e legitimação perante o meio acadêmico e científico), por considerarem a tradição e a situação presente satisfatórias, segundo um interesse exclusivamente pessoal; reacionária, por alimentarem a 'ideologia do retorno a situações ultrapassadas pelo progresso', alimentando, no plano filosófico, uma visão pessimista da natureza humana, e negando, no plano cultural, os avanços da técnica e da ciência modernas (resquícios do movimento de contra-cultura citado por Madel Luz, que coloca a homeopatia como algo alternativo e não-integrativo à medicina contemporânea), propondo o anticientificismo (e a antimedicina).

Ao contrário do que apregoam, semelhante postura nada apresenta de saudável, denotando, isto sim, o suspiro agonizante de modelos autoritários, pragmáticos e ultrapassados que não conseguem sustentar seus próprios ideais nem acompanhar a evolução do progresso, além de evidenciar o desespero daqueles que se sentem ameaçados em perder os benefícios e o poder adquiridos. Em seu discurso político, defendem a inovação e a vanguarda, mas agem com ceticismo em relação a quaisquer ideologias, planos ou projetos concretos que estejam comprometidos com reformas ou mudanças, apegando-se à manutenção da inatividade improdutiva.

Buscando postura diversa, optando pelo otimismo realista ao pessimismo romântico, podemos assumir uma tendência progressista, deixando-nos influenciar pelo processo evolutivo natural, sem abandonarmos as prerrogativas que defendemos; aceitando as oportunidades que o momento histórico nos oferece para melhorarmos o que existe, construindo etapas sucessivas que nos permitam atingir, no futuro, o objetivo almejado.

Agindo dessa maneira, como o nadador que evita nadar contra a correnteza, desperdiçando sua vitalidade e vindo a desfalecer, devemos aproveitar o curso das águas e do progresso, adquirindo forças e experiências, direcionando, gradativamente, a trajetória que nos propomos atingir. Ao contrário do que possa parecer aos rígidos censuradores demagogos, isto não representa continuísmo, incapacidade ou subserviência e sim flexibilidade e maturidade.

E a 'solucionática', companheiros? Em todos os campos dedicados à pesquisa homeopática atual (básica, clínica, patogenética, saúde pública, social, educação médica, etc.), deveríamos assumir o papel de agentes multiplicadores do avanço cultural, científico e tecnológico, que contemple e promova as premissas irrevogáveis do modelo homeopático, com o intuito de estimular o diálogo produtivo em torno de novas iniciativas de pesquisa que tragam subsídios à validação e ao aperfeiçoamento do método.

Em relação à pesquisa básica, seguindo a proposta citada, publicamos o artigo 'Pesquisa básica em homeopatia: revisão bibliográfica' [Revista de Homeopatia (APH) 2001; 66(2): 5-26], levantando os experimentos desenvolvidos em diversos centros de pesquisa mundiais, que utilizaram modelos físico-químicos e biológicos aplicados aos conhecimentos fundamentais da ciência moderna (biologia, química, física, bioquímica, farmacologia, fisiologia, patologia, histologia, imunologia, etc.), para fundamentar os pressupostos homeopáticos (princípio da similitude, experimentação no homem são e medicamento dinamizado) perante a racionalidade científica moderna, que poderão ser adaptados aos mais diversos protocolos laboratoriais modernos. Imbuídos deste propósito, estudando a farmacologia moderna, pudemos validar cientificamente o princípio da similitude terapêutica (e seu método de investigação farmacológica, utilizado para evidenciar os efeitos primários que as diversas substâncias despertam nos experimentadores humanos), através do efeito rebote das drogas clássicas, modelo aceito internacionalmente dentro da ciência homeopática ['Similitude in modern pharmacology', British Homeopathic Journal 1999, 88: 112-120] e da ciência moderna ['Homeopathic use of modern medicines: utilisation of the curative rebound effect', Medical Hypotheses 2003, 60(2): 276-283].

Através dessa “nova farmacologia” (princípio da similitude + experimentação no homem são), descrita claramente no Organon da arte de curar, Hahnemann vislumbrou a possibilidade de despertar a reação vital do organismo contra os sintomas que o afligem, diferenciando o seu método terapêutico das demais categorias de tratamento medicamentoso existentes. Valorizando os aspectos subjetivos da individualidade (existenciais, psíquicos, emocionais, etc.), juntamente com as características físicas e gerais, tanto na experimentação das substâncias medicinais quanto na aplicação terapêutica, permitiu ao artista da cura estimular uma resposta curativa globalizante, mobilizando o sistema homeostático humano (sistema psico-neuro-imuno-endócrino-metabólico da fisiologia integrativa moderna), fundamentando a farmacologia da individualidade humana (ou da totalidade sintomática característica). E tem homeopata que não vê importância nisso!

No que tange à pesquisa clínica, podemos adaptar, de forma perspicaz, as premissas do modelo homeopático aos desenhos de estudos epidemiológicos existentes, sem desrespeitar as exigências científicas de ambos paradigmas. Apesar da dificuldade de se trabalhar com diversos parâmetros conjuntamente, se nos dispusermos a aprender com os erros e os acertos das iniciativas passadas, presentes e futuras, atingiremos, passo a passo, o ideal almejado. Dividindo os tipos de desenhos em estudos descritivos (populacionais e individuais) e analíticos (observacionais e experimentais), poderíamos elaborar propostas de pesquisa clínica a serem desenvolvidas nos consultórios particulares e nas instituições de ensino, com o intuito de estimular o exercício do pensamento experimental pela classe homeopática, para que tenhamos, futuramente, uma melhora na qualidade e um crescimento na produção científica homeopática brasileira.

Iniciando pelo desenho metodológico mais trabalhoso e oneroso, citemos os estudos analíticos experimentais ou de intervenção, os ensaios clínicos, considerados padrão-ouro para testar a eficácia e a efetividade de um determinado tratamento, partindo-se da hipótese de que uma variável independente (ex: intervenção clínica) irá causar uma alteração concomitante na variável dependente (ex: desfecho clínico), sendo possível avaliar essa resposta terapêutica segundo as mais distintas abordagens, tanto objetivas ou quantitativas (clínica, laboratorial, anátomo-patológica, por imagem, etc.) quanto subjetivas ou qualitativas (funcionais, sociais, familiares, emocionais, existenciais, espirituais, etc.). A utilização de um grupo controle (estudos controlados) permite a comparação dos resultados da intervenção proposta em relação à sua ausência (placebo) ou outra terapêutica (drogas), buscando separar os diversos fatores de ruído (efeito placebo, efeito consulta, etc.), em busca de conclusões mais fidedignas. A escolha aleatória dos grupos (randomização) favorece a formação de grupos homogêneos em relação a uma série de outras variáveis independentes e de difícil controle. Idealmente, nenhum dos envolvidos no estudo deve saber o que cada paciente está usando, placebo ou droga ativa (estudo cego). Apesar da vantagem de determinar se uma intervenção é realmente efetiva em determinada variável dependente (objetiva ou subjetiva), podendo-se quantificar esse benefício através de inúmeros instrumentos (parâmetros clínicos, exames subsidiários, questionários de qualidade de vida, etc.), estudos prospectivos, randomizados e cegos têm a desvantagem do alto custo, envolvimento de grande número de pesquisadores, tempo de seguimento longo e problemas com a aderência dos pacientes ao tratamento.

Contrariando o dogmatismo conservador e letárgico dos que se satisfazem em repetir constantemente que o paradigma homeopático não pode ser avaliado segundo o paradigma clássico, estamos desenvolvendo um ensaio clínico homeopático prospectivo, randomizado, duplo-cego, placebo controlado, aprovado pela Comissão de Ética e Pesquisa do HCFMUSP, contemplando satisfatoriamente as premissas do modelo homeopático (individualidade, totalidade sintomática, avaliação miasmática, tempo de consulta, tempo de tratamento, etc.) e utilizando os mais modernos avanços da ciência contemporânea para mensurar a resposta global ao tratamento. Os passos desenvolvidos para elaborar esse desenho de estudo analítico experimental, que busca contemplar as premissas fundamentais de paradigmas distintos, mas não excludentes, assim como os pormenores do ensaio clínico em questão, estão descritos nos artigos 'Pesquisa clínica em homeopatia: aspectos fundamentais' [Diagnóstico & Tratamento 2001; 6(4): 11-18] e 'Qualidade metodológica em ensaios clínicos homeopáticos controlados' [Revista de Homeopatia (AMHB) 2002; 4: 20-26]. Além do respeito obrigatório à individualidade terapêutica (medicamento, doses e potências), estamos, nesse protocolo, contemplando a avaliação miasmática homeopática, através do emprego de um questionário de qualidade de vida (instrumento amplamente utilizado pela ciência moderna) que engloba aspectos diversos e amplos (funcionais, sociais, familiares, emocionais, existenciais e espirituais) da individualidade humana, buscando adaptá-lo, em trabalho conjunto com outros pesquisadores homeopatas, às especificidades do modelo homeopático ['Avaliação miasmática na pesquisa clínica homeopática: emprego de questionário de qualidade de vida', Revista de Homeopatia (APH) 2002; 67(1-4): 5-16].

Na aplicação e desenvolvimento desse projeto inicial, estamos aprimorando o método proposto, aprendendo com as dificuldades emergentes e com os resultados inesperados que possam advir (pois consideramos que isto é fazer Ciência), dando nossa contribuição à elaboração de um protocolo de pesquisa clínica em homeopatia cada vez mais aperfeiçoado. Será que não está na hora dos depreciadores inveterados proporem e desenvolverem novos modelos e projetos de pesquisa clínica em homeopatia em centros de pesquisa brasileiros, ajudando na 'solucionática' da questão, ao invés de continuarem alimentando seu discurso infrutífero em torno, apenas, da 'problemática'?

Em relação aos estudos analíticos observacionais, em que não há intervenção do pesquisador, temos as coortes e os casos-controle. As coortes, estudos longitudinais ou estudos de incidência são desenhos de pesquisa clínica de seguimento prospectivo ou retrospectivo, por um longo período de tempo, que buscam associar um fator de exposição (etiológico) ao desfecho clínico de interesse, mensurando os riscos relativo e atribuível das diversas associações etiológicas (ex: dislipidemia x mortalidade cardiovascular). Representam o melhor substituto para o experimento verdadeiro, pois partem da exposição ao fator de risco e esperam pelo desfecho clínico. Os casos-controles estudam grupos de indivíduos com (casos) e sem (controle) a doença ou o desfecho de interesse, buscando no passado a presença ou a ausência do fator de exposição (ex: associação do tabagismo ao câncer de pulmão). Representando um avanço na epidemiologia das doenças crônicas, têm como principal desafio a escolha de grupos homogêneos (para evitar o viés de seleção), avaliando qual foi a exposição ao fator de risco nos indivíduos com e sem a doença, segundo uma 'estimativa de risco relativo' (odds ratio).

Através de inúmeros estudos clínicos de coorte e casos-controle realizados pela imunologia moderna, retrospectivos e prospectivos, que relacionaram a ausência da manifestação de doenças agudas benignas na infância (pelo excesso de higiene e pelo emprego indiscriminado de antibióticos e vacinas em países desenvolvidos) ao surgimento futuro de doenças crônicas (atopias, por exemplo), discutidos atualmente segundo a luz da Hipótese Higiênica (Hygiene Hypotheses), pudemos fundamentar experimentalmente as observações seculares dos clínicos homeopatas descritas na teoria homeopática das vacinoses, consideradas, até então, destituídas de caráter científico ['Is there scientific evidence that suppression of acute diseases in childhood induce chronic diseases in the future?', Homeopathy 2002, 91: 207-216; 'Fundamentação imunológica da teoria homeopática das vacinoses', Revista de Homeopatia da APH 2003, 68(1-2)].

Empregando esses desenhos de estudo da epidemiologia clínica moderna, outras inúmeras dúvidas do modelo homeopático poderiam ser esclarecidas de forma mais sistemática e fidedigna, abandonando-se os eternos 'achismos' que assombram a proposta científica do método. Como sugestões de estudos, utilizando os milhares de casos clínicos atendidos pelas diversas instituições e pelos clínicos homeopatas de todos os tempos, desde que documentados satisfatoriamente, poderíamos avaliar retrospectiva e prospectivamente as seguintes associações: fatores desencadeantes e observações prognósticas; tipos de prescrição (constitucional, sintomática, complementar, complexista, etc.), observações clínicas e evolução dos casos; formas de prescrição (repetição das doses, escalas e potências) e agravação homeopática; medicamentos iso, tauto e bioterápicos e suas respostas terapêuticas; relação entre mudanças psíquicas e clínicas do tratamento homeopático, enfocando a profundidade, a concomitância temporal e a duração dos fenômenos; etc.

No entanto, nada disto será possível sem a união da classe homeopática em torno de um ideal comum: a dedicação no desenvolvimento de projetos de pesquisa clínica em homeopatia, buscando mobilizar, estimular e engajar os interessados em propostas viáveis e realizáveis, deixando as discussões doutrinárias estéreis, os vislumbres fugazes e os sonhos inatingíveis para um segundo plano.

Dentre os estudos descritivos, os populacionais são úteis na obtenção de dados sobre a distribuição de doenças na população por sexo, idade, classe social, dados clínicos laboratoriais e distribuição geográfica, entre outros (ex: prevalência de mortalidade infantil na população brasileira). Apesar da fácil execução, baixo custo e rapidez, pois não implicam em seguimento, apresentam como desvantagem a impossibilidade de estabelecer relação de causalidade entre fator de estudo e desfecho clínico, pois a determinação de ambos é feita de forma simultânea no mesmo momento. Seus resultados são utilizados como ponto de partida para a formulação de hipóteses a serem testadas em estudos analíticos.

Nos estudos descritivos individuais, temos o relato de casos, série de casos e estudos transversais. Estes tipos de estudo, desde que bem conduzidos, oferecem importante fonte de pesquisa clínica ao modelo homeopático, pela aproximação à prática clínica diária dos homeopatas, facilidade de execução e baixo custo. No relato e na série de casos, deveríamos utilizar exames subsidiários antes, durante e após o tratamento, para documentar as evidências científicas do desfecho clínico favorável que o tratamento homeopático trouxe às mais diversas doenças. Ao elaborarmos um protocolo de pesquisa clínica homeopática de série de casos, que poderia ser desenvolvido facilmente nas instituições de ensino ou nos consultórios particulares, é imperioso que se valorize, na escolha da doença a ser tratada, aquelas que possuem critérios de gravidade e melhoria bem estabelecidos e mensurados através de exames subsidiários sensíveis e específicos (anátomo-patológicos, bioquímicos, por imagem, endoscópicos, etc.). Poderíamos citar uma série de doenças e seus métodos diagnósticos de escolha, que serviriam aos protocolos em questão, como as doenças metabólicas (marcadores específicos), os distúrbios endócrinos (dosagens hormonais), as microcalculoses biliar e renal (ultra-sonografia), as úlceras gástricas e duodenais (endoscopia digestiva alta), as doenças dermatológicas (biópsia e fotografia), a osteoporose (densitometria óssea), as infecções do trato urinário (urina I e urocultura), as infecções pulmonares (raios X de tórax, TC), etc. Com isso, o conjunto de casos de uma mesma doença bem sucedidos e documentados, funcionariam como importante evidência da eficácia e da efetividade do tratamento homeopático perante o pensamento científico dominante.

Como dissemos anteriormente, essas iniciativas poderão se tornar viáveis desde que a classe homeopática participe, com a associação de políticas institucionais facilitadoras (incentivos metodológicos e financeiros à elaboração de projetos, abertura de convênios com laboratórios particulares ou públicos para as avaliações diagnósticas, etc.). A Comissão de Pesquisa da Associação Médica Homeopática Brasileira (CP-AMHB), vem propondo, nos últimos anos, vários protocolos de pesquisa ao movimento homeopático brasileiro ['Protocolo de experimentação patogenética em humanos'; 'Protocolo de pesquisa para revisão bibliográfica das patogenesias'; 'Protocolo para matriz unificadora de fichas clínicas'; 'Protocolo de aproveitamento de casos clínicos'; 'Protocolo de patogenesia clínica'], de ótima qualidade metodológica e científica, que deixaram de atingir a meta esperada pelo desinteresse dos homeopatas em se dedicar a este propósito maior em prol do crescimento da Homeopatia.

Na aplicação do 'Protocolo de experimentação patogenética homeopática em humanos' por diversas instituições homeopáticas brasileiras, algumas vezes de forma multicêntrica, temos uma exceção à regra, com diversas pesquisas patogenéticas tendo sido realizadas em âmbito nacional ['Uma abordagem em experiência patogenética I', Revista de Homeopatia (APH) 1988, 53 (1); 'Uma abordagem em experiência patogenética II', Revista de Homeopatia (APH) 1992, 57 (1-4): 29-133; 'Hydrocianic acidum', Revista de Homeopatia AMHB 1997, 1: 66-80; 'Patogenesia como método de ensino em homeopatia', Revista de Homeopatia AMHB 1997, 1: 108-114; 'Brosimum gaudichaudii: experimentação Pura', Editora Organon 1998; 'Bothrops jararacussu' Revista de Homeopatia AMHB 1999, 3: 47-74], aprimorando, ao longo dos anos, a técnica e o desenvolvimento do método de pesquisa das propriedades curativas das substâncias empregadas segundo o princípio da similitude.

Como coordenador da disciplina 'Fundamentos da Homeopatia', oferecida de forma eletiva aos alunos do 4º ano da graduação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo [5 créditos-aula, 70 horas-aula, atividades teóricas e práticas (atendimento ambulatorial, discussão de casos clínicos, auto-experimentação patogenética, etc.)], realizamos, em 2002, uma pesquisa em educação médica junto aos alunos da FMUSP, buscando avaliar o conhecimento e o interesse no aprendizado da homeopatia, com resultados bastante favoráveis ao movimento de implantação da homeopatia na graduação das faculdades de medicina brasileiras ['Projeto para a Graduação das Faculdades de Medicina - Cadeira Eletiva de Homeopatia', AMHB, 2000], que serão divulgados em revista especializada.

Por estas e outras tantas evidências científicas, preocupa-nos o fato de que dirigentes de instituições de ensino, com a missão e o poder de influenciar os profissionais emergentes, massa crítica e propagadora da homeopatia futura, desestimulem, com seus discursos conservadores e reacionários, os colegas interessados em se dedicar à pesquisa homeopática. Envoltos pela erudição soberba, desprezam as idéias que diferem das suas, causando um desserviço ao movimento progressista homeopático moderno.

Discordando de semelhante postura, buscando satisfazer nossos anseios de aproximação da Homeopatia com o meio acadêmico e científico, vimos, nos últimos anos, afastando-nos desta linha de pensamento, dedicando-nos a projetos de pesquisa (básica e clínica) e ensino homeopáticos junto à FMUSP, aprendendo com os avanços da medicina contemporânea e sentindo enorme satisfação ao observar o despertar de novas consciências para a doutrina homeopática e suas fundamentações científicas.

Foi através da divulgação, dos trabalhos em pesquisa homeopática realizados nas últimas décadas, perante professores e pesquisadores da FMUSP, que conseguimos sensibilizar aqueles que vivenciam, na aplicação do mais alto ideal da prática médica e científica, o título de verdadeiros Mestres do conhecimento contemporâneo, mostrando-se, independentes da área de atuação, abertos a novas iniciativas e propostas no campo científico, como verdadeiros observadores livres de preconceito.

A esses Professores, minha gratidão pela oportunidade de estar desenvolvendo estudos que visam legitimar a Homeopatia perante a medicina moderna, vislumbrando o dia em que ela poderá ocupar o lugar que lhe é de direito junto às demais especialidades médicas.

Aos colegas que se utilizam da critiquice como dinâmica fundamental do seu modus operandi, apesar de terem tido o privilégio de conhecer a ciência, a filosofia e a arte homeopáticas, que reflitam em suas declarações e atitudes, para que no futuro não precisem admitir o mea culpa de que 'passaram praticamente toda a sua vida equivocados'.

 

Dr. Marcus Zulian Teixeira

 



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