Quando os remédios são venenos - Dr. Anthony Wong Wong, Anthony. Quando os remédios são venenos. Ser Médico (Cremesp), Nº 71, Ano XVIII, Abr/Mai/Jun 2015, p. 22-24. Disponível em: https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Revista&id=789 Segundo Paracelso, médico do século XVI, 'a diferença entre um remédio e um veneno está só na dosagem'. Hahnemann, fundador da Homeopatia, afirmava no século XIX que 'um grande número de doenças crônicas são produzidas, artificialmente, pelo uso inadequado e abusivo de medicamentos alopáticos'. Endossando esses aspectos, o Prof. Dr. Anthony Wong, Diretor Médico do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, acaba de publicar na Revista “Ser Médico”, do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), o artigo intitulado “Quando os remédios são venenos”. Estimulando a leitura do artigo acima disponibilizado, vamos citar abaixo algumas considerações importantes que deveriam ser motivo de reflexão por todos: “Estatísticas vindas dos Estados Unidos indicam que eventos adversos e erros decorrentes do uso de remédios causam um prejuízo de mais de US$ 117 bilhões, anualmente, ao sistema de saúde local, além de resultar em mais de 106 mil óbitos, sendo a quarta ou quinta maior causa de morte.” “Para diminuirmos o número de intoxicações, a excessiva prescrição de medicamentos por parte dos médicos precisa ser revista. Os pacientes chegam a uma consulta e, quase invariavelmente, saem com uma receita na mão para algo que, não necessariamente, é um sintoma. Há profissionais que sequer perguntam se o paciente já está tomando outros remédios, para evitar interações medicamentosas.” “Muitas vezes, o médico prescreve o tratamento apenas em decorrência da reclamação do paciente, ao invés de levar em consideração a alteração fisiológica e funcional do medicamento.” “As causas da prescrição desenfreada começam lá atrás. [...] Os médicos saem da faculdade sem ter tido tempo suficiente para aprender o necessário do básico [...]. A formação insuficiente é compensada com excessivos pedidos de exames. Por vezes, os profissionais têm, até mesmo, pouca habilidade em interpretá-los. Logo começam a ter problemas em fazer diagnósticos corretamente e, consequentemente, em prescrever tratamentos.” “Não bastassem esses fatores para o aumento da probabilidade de prescrever em demasia, há também bastante influência da indústria farmacêutica sobre os estudantes, recém-formados e, mesmo, médicos com experiência.” (vide “Conflitos de interesses na pesquisa, na educação e na prática médica”) “Contudo, incompreensivelmente, não há na grade das escolas médicas orientações sobre os efeitos adversos e as interações de medicamentos, nem sobre as consequências do uso prolongado deles, embora essas informações sejam essenciais para a formação profissional.” (vide “Efeito rebote dos fármacos modernos: evento adverso grave desconhecido pelos profissionais da saúde”) “Por isso, é importante que o médico respeite um dos primeiros mandamentos da profissão, primum non nocere, ou seja, antes de tudo, não cause mais danos. Essa deve ser a meta da conduta médica. A prescrição de medicamento deve ser feita com cautela. Um médico melhor prescreve menos remédios. É preciso compaixão. Ao invés de tratar a doença, deve-se tratar o doente que, por vezes, não precisa de remédio, mas de uma palavra de conforto”. Atenciosamente, Dr. Marcus Zulian Teixeira |