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Entenda a ´febre´ sem preconceitos 

Entenda a 'febre' sem preconceitos

Jornal Brasil On-Line - Entenda a febre sem preconceitos - 13/01/15.

Disponível em: http://jornalbrasil.com.br/index.php?pg=desc-noticias&id=163165

 

Febre é o instrumento da Natureza que ela põe em campo para remover seu inimigo”. (Thomas Sydenham)

 

Literatura científica recomendada aos pais

Murahovschi J. A criança com febre no consultório. Jornal de Pediatria (Rio de Janeiro) 2003; 79(suppl.1): 55-64.

Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/jped/v79s1/v79s1a07.pdf

Bricks LF. Tratamento da febre em crianças. Pediatria (São Paulo) 2006; 28(3): 155-158.

Disponível em: http://pediatriasaopaulo.usp.br/upload/pdf/1172.pdf

Bricks LF. Como tratar a febre e a dor em crianças com infecções respiratórias agudas? VI Manual de Otorrinolaringologia Pediátrica. Interamerican Association  of Pediatric Otorhinolaryngology (IAPO), 2007.

Disponível em: http://www.iapo.org.br/manuals/VI_Manual_br_Lucia%20Bricks.pdf

Blank D. Uso de antitérmicos: quando, como e por quê. Residência Pediátrica 2011; 1(2): 31-36.

Disponível em: http://www.residenciapediatrica.com.br/detalhe_artigo.asp?id=21

 

Algumas considerações importantes retiradas dos referidos artigos

“A citação de Thomas Sydenham, que abre este texto, define a visão corrente até meados do século XIX, de que a febre era benéfica. Ao longo do século passado, prevaleceu a visão “moderna” - não apoiada em evidências científicas - de que deveria ser combatida. Hoje, segundo Matthew J. Kluger, há evidências fortes de que a supressão medicamentosa da febre, vista como uma resposta adaptativa a infecções que evoluiu por milhões de anos, provavelmente levaria ao aumento da morbidade por muitos desses processos infecciosos”. (Residência Pediátrica 2011, pgs. 32-33)

“A necessidade de tratamento da febre é polêmica, pois a resposta febril está associada a aspectos positivos, como o aumento da migração de neutrófilos e a produção de interferon gama e outras citocinas, que desempenham relevante papel na resposta imune para a eliminação de vírus e bactérias. Em animais de experimentação, a supressão da febre está associada à maior letalidade nas infecções bacterianas e, em humanos, a redução da temperatura com o uso de antitérmicos pode ocasionar excreção mais prolongada de vírus respiratórios”. [Pediatria (São Paulo) 2006, pg. 155]

“Febre é a elevação da temperatura corpórea acima da variação diária normal; uma resposta fisiológica complexa à doença, caracterizada por uma elevação regulada da temperatura central do corpo e ativação de sistemas imunológicos; tem baixa probabilidade de causar danos e pode ser benéfica. Há evidências de que a supressão medicamentosa da febre, vista como resposta adaptativa evoluída a infecções, provavelmente aumentaria sua morbidade”. (Residência Pediátrica 2011, pg. 31)

“Portanto, do ponto de vista médico, as indicações para combater a febre são bastante restritas, indicando-se antitérmicos apenas quando a temperatura alta é motivo de desconforto ou risco para a criança. Do ponto de vista leigo, a febre é sempre considerada um vilão indesejável, que, além do desconforto, pode desencadear convulsão. Assim, os antitérmicos estão entre os fármacos mais utilizados em crianças, com ou sem prescrição médica, e são comumente causa de intoxicações, em geral por erro na administração de dose ou intervalo, ou por interação medicamentosa”. [Pediatria (São Paulo) 2006, pg. 155]

“A maioria dos leigos medica a criança com febre na tentativa de evitar possíveis complicações, como, por exemplo, a convulsão febril; entretanto, não há evidências de que o uso profilático com antitérmicos seja efetivo em reduzir as crises de convulsão febril”. [Pediatria (São Paulo) 2006, pg. 155]

“Embora os antitérmicos sejam amplamente utilizados e considerados drogas relativamente seguras, esses fármacos podem causar uma série de eventos adversos. A maioria das intoxicações por analgésicos resulta da ingestão acidental ou do uso inapropriado desses medicamentos, muitas vezes decorrente de prescrições médicas inadequadas”. [Pediatria (São Paulo) 2006, pg. 157] 

Fobia da febre: fobia da febre foi um termo cunhado por Barton Schmitt, há mais de 30 anos, para designar a preocupação exagerada de muitos pais com febres baixas (temperatura axilar de 38,5°C ou menos) - devido à crença infundada de cerca de metade deles de que febres de 39,5°C poderiam causar danos neurológicos e que, sem tratamento medicamentoso, a temperatura subiria até 43°C -, o que levaria 85% desses cuidadores à administração intempestiva de drogas antipiréticas a crianças com febre bem abaixo de 38°C. No Brasil, apesar da falta de registros documentais, a simples observação do dia-a-dia do atendimento pediátrico evidencia que a fobia da febre corre tão solta quanto informa a literatura de fora, que aponta que 90% dos pais acreditam que a febre pode ter efeitos danosos, metade consideram altas temperaturas de 38,5°C e medem a temperatura mais do que de hora em hora durante episódios febris; 25% administram antipiréticos para crianças com temperatura abaixo de 37,0°C; 85% acordariam a criança para dar a medicação. Sobretudo, é preocupante a informação de que 67% dos pais afirmam alternar drogas antipiréticas - em geral, acetaminofeno e ibuprofeno, prática formalmente contra-indicada por todos os consensos de especialistas. Pior: a maioria dos pais afirma que usam antipiréticos seguindo a orientação dos pediatras! Com efeito, ainda que não documentada, a atitude dos pediatras brasileiros é conspicuamente sintônica com o que relata a literatura de fora: dois terços dos pediatras sempre prescrevem antipiréticos em casos de febre, 90% das vezes para temperaturas axilares entre 37,5°C e 38,0°C; metade deles - principalmente aqueles com menos de cinco anos de prática - aconselha explicitamente os pais a alternar acetaminofeno e ibuprofeno.” (Residência Pediátrica 2011, pg. 32)

“Os pais precisam ser bem orientados sobre os objetivos principais em caso de febre: reconhecer sinais de doenças potencialmente graves, melhorar o conforto da criança e manter um estado adequado de hidratação. O primeiro objetivo exige o reconhecimento de sinais de alerta de gravidade: idade inferior a três meses, principalmente recém-nascido; febre de mais de 39,4°C (especialmente se acompanhada de calafrios); mau estado geral, com letargia e/ou irritabilidade excessiva, ausência de sorriso; pele muito pálida ou moteada; choro inconsolável; respiração gemente, entrecortada ou ofegante; duração da febre maior que 72 horas. Nessas circunstâncias, a criança deve ser levada imediatamente para avaliação médica. Uma discussão mais detalhada deste tópico está fora do escopo deste texto, mas sugere-se que todo pediatra leia com atenção a diretriz do National Institute for Health and Clinical Excellence, “Feverish illness: assessment and initial management in children younger than 5 years”, bem como seu guia de referência rápida, disponíveis em http://www.nice.org.uk/CG047.” (Residência Pediátrica 2011, pg. 33)

“Drogas antipiréticas não devem ser utilizadas com o objetivo de reduzir a temperatura em si, em crianças que pareçam estar se sentindo bem. Devem ser reservadas para crianças com desconforto físico ou dor. Drogas antipiréticas não previnem convulsões febris e não devem ser usadas com esse objetivo. Há um consenso de que antipiréticos devem ser reservados para febres acima de 38,2°C, mas, principalmente, para minimizar o desconforto; lembrar que crianças não costumam manifestar desconforto com temperaturas inferiores a 39,5°C. Ao optar por prescrever um antitérmico, o pediatra deve informar os pais, explicitamente, que a medicação não diminuirá a temperatura até o nível normal e não impedirá que picos febris se repitam por vários dias, enquanto a infecção durar, sob pena de ser procurado novamente porque o remédio não baixou a febre”. (Residência Pediátrica 2011, pgs. 33-34)

“Controle da Febre: Quando, Como e Por quê?”: Em síntese, prevalece a recomendação da Organização Mundial da Saúde, feita há quase 20 anos, de que pais e profissionais de saúde não devem - como ocorre com frequência - administrar antipiréticos de maneira automática a todas as crianças com febre. Ao contrário, para evitar que os danos do tratamento não sobrepujem os benefícios, é preciso um olhar criterioso e apoiado nas melhores evidências científicas. Cabe ao profissional educar convincentemente o cuidador – e, a seu tempo, a própria criança – no sentido de que o controle da febre consiste de ações reflexivas (ponderadas) e não reflexas (involuntárias); isto é, contempla não só quando e como, mas principalmente por quê.” (Residência Pediátrica 2011, pgs. 34-35)

 

Benefícios da febre nos processos infecciosos benignos

Kluger MJ, Kozak W, Conn CA, Leon LR, Soszynski D. The adaptive value of fever. Infect Dis Clin North Am 1996; 10(1):1-20.

Disponível em: http://evolutionmedicine.files.wordpress.com/2008/09/adaptive-value-of-fever.pdf

Mackowiak PA. Physiological rationale for suppression of fever. Clinical Infectious Disease 2000; 31(5): 185-189.

Disponível em: http://cid.oxfordjournals.org/content/31/Supplement_5/S185.long

Section on Clinical Pharmacology and Therapeutics, Committee on Drugs, Sullivan JE, Farrar HC. Fever and antipyretic use in children. Pediatrics 2011;127(3): 580-587.

Disponível em: http://pediatrics.aappublications.org/content/127/3/580.full

National Institute for Health and Clinical Excellence. Feverish illness: assessment and initial management in children younger than 5 years. London: NICE; 2013.

Disponível em: http://www.nice.org.uk/guidance/cg160

 

Papel das doenças agudas febris benignas no controle das doenças crônicas e alérgicas

Teixeira MZ. Is there scientific evidence that suppression of acute diseases in childhood induce chronic diseases in the future? Homeopathy 2002; 91(4): 207-216.

Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12422923 / ResearchGate

Teixeira MZ. Fundamentação imunológica da teoria homeopática das vacinoses. Revista de Homeopatia (São Paulo) 2003; 68 (1-2): 29-46.

Disponível em: ResearchGate

Teixeira MZ. The hygiene hypothesis revisited. Homeopathy 2005; 94(4): 98-104.

Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16226203 / ResearchGate

 



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