Estudo questiona o uso de baixas doses de aspirina como tratamento preventivo para ‘eventos cardiovasculares’, ‘mortalidade’ e ‘morbidades’ em idosos saudáveis - The New England Journal of Medicine (NEJM) Na edição de 18/10/2018, o prestigioso periódico britânico The New England Journal of Medicine publicou três artigos em que o efeito de baixas doses de aspirina como tratamento de prevenção primária para ‘eventos cardiovasculares’, ‘mortalidade’ e ‘morbidades’ (sobrevivência livre de incapacidades) foi avaliado, no período de 2010 a 2014, em mega ensaio clínico duplo-cego e placebo controlado com 19.114 idosos saudáveis, contrariando o resultado de estudos anteriores semelhantes. Analisando o “Effect of Aspirin on Cardiovascular Events and Bleeding in the Healthy Elderly”, o estudo evidenciou que “o uso de baixas doses de aspirina como estratégia de prevenção primária em adultos idosos resultou em um risco significativamente maior de hemorragia grave e não resultou em um risco significativamente menor de doença cardiovascular do que o placebo”. Em outra avaliação, analisando o “Effect of Aspirin on All-Cause Mortality in the Healthy Elderly”, o estudo evidenciou que “maior mortalidade por todas as causas foi observada entre adultos idosos aparentemente saudáveis que receberam aspirina diariamente do que entre aqueles que receberam placebo, e foi atribuída, principalmente, à morte relacionada ao câncer”. Numa terceira análise, avaliando o “Effect of Aspirin on Disability-free Survival in the Healthy Elderly”, o estudo evidenciou que “o uso de aspirina em idosos saudáveis não prolongou a sobrevida livre de incapacidades pelo período de 5 anos, mas levou a uma taxa maior de hemorragia grave do que o placebo”. Associando o efeito rebote trombogênico após a suspensão da aspirina, causador de eventos cardiovasculares tromboembólicos de todas as classes (IAM, AVC e acidentes isquêmicos transitórios) em torno de 5% dos indivíduos que interromperam o uso preventivo por um curto período de tempo (< 14 dias), esses novos estudos, se confirmados, devem ser considerados como fator de alerta para o uso indiscriminado da aspirina como estratégia universal na prevenção primária de eventos cardiovasculares em idosos saudáveis. Leituras Associadas: http://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/79999 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/hom-11970 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/hom-12033 http://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/hom-12045 Dr. Marcus Zulian Teixeira www.homeozulian.med.br |