Resultados da ingestão em massa de grandes doses de medicamentos homeopáticos no Reino Unido - IJHDR Teixeira MZ. Results of swallowing mass overdose of homeopathic medicines in United Kingdom: scepticism or prejudice? International Journal of High Dilution Research 2010; 9(30): 3-4. Disponível em: http://highdilution.org/index.php/ijhdr/article/view/374 / file:///C:/Users/MZulian/Downloads/374-1-1453-4-10-20100331.pdf Tradução para o português de “Results of mass overdose of homeopathic medicines in United Kingdom: scepticism or prejudice?”, publicado em 2010 no periódico “International Journal of High Dilution Research” em resposta à manifestação de 30/01/2010. [1] Como foram relatadas em diversas manchetes [2], em 30 de janeiro de 2010, às 10h23min, centenas de céticos tomaram uma overdose de remédios homeopáticos em frente às “Farmácias Boots” na Grã Bretanha (Birmingham, Bristol, Brighton, Edinburgh, Glasgow, Hampshire, Leeds, Leicester, Londres, Liverpool, Manchester, Oxford e Sheffield) para protestar contra a venda de remédios homeopáticos por essa rede, e também para provar que esses remédios não teriam nenhuma base científica. O mesmo foi realizado no Canadá e na Austrália. Coordenados pela “Sociedade Merseyside de Céticos”, uma organização dedicada a “desenvolver e sustentar a comunidade cética”, os manifestantes engoliram o conteúdo de frascos inteiros de medicamentos homeopáticos para ilustrar sua idéia de que “são apenas glóbulos de açúcar”. Baseados na suposição de que nenhum dos manifestantes apresentou quaisquer efeitos adversos depois deste “experimento maciço dos efeitos dos medicamentos homeopáticos”, concluíram que esses não têm atividade alguma no corpo humano, mas funcionam como placebo [3]. A experimentação de medicamentos (experimentação patogenética homeopática) é, de fato, um método excelente para comprovar os fundamentos homeopáticos, sempre que os experimentadores concordem em observar e registrar, sem preconceitos, as mudanças desencadeadas pelas substâncias preparadas segundo o método homeopático (diluídas e agitadas) em seus estados de saúde. Por esse motivo, em relação ao episódio anteriormente relatado e seus supostos resultados, eu não posso deixar de questionar se tais “céticos” estariam, realmente, dispostos a mencionar qualquer mudança em seu estado de saúde observada depois da auto-experimentação. Como o mais provável é que a resposta seja “não”, então proponho que ao invés de “céticos” sejam chamados de “preconceituosos”, porque lhes falta o verdadeiro “espírito científico”, ou seja, aquela postura que exige dos pesquisadores deixarem de lado as opiniões e idéias pessoais e preconcebidas quando se procuram respostas para as perguntas feitas na pesquisa. Minha conclusão se baseia nos resultados obtidos no projeto “Experimentação patogenética homeopática como método didático”, que vem sendo realizado desde 2003 com estudantes da disciplina eletiva “Fundamentos da Homeopatia” [4] da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Trata-se de um protocolo científico (aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital das Clínicas da FMUSP), onde são testados medicamentos homeopáticos na diluição 30cH – através de ensaios randomizados, placebos-controlados e duplos-cegos. Os estudantes de medicina experimentam esses medicamentos voluntariamente, observando os efeitos despertados pelos mesmos em seus estados de saúde. Com essa prática vivencial puderam ser confirmados vários sintomas descritos em experimentações patogenéticas prévias das mesmas substâncias, corroborando a premissa de que a “informação” contida nos medicamentos homeopáticos ultradiluídos pode produzir efeitos patogenéticos em seres humanos. Esse aspecto é um dos grandes obstáculos para que mentalidades que só admitem medidas quantitativas possam aceitar a homeopatia. A experiência quali-quantitativa recém mencionada está descrita, em detalhes, no artigo “Experimentação patogenética homeopática breve: uma singular ferramenta educativa no Brasil”, publicado no periódico “Evidence-based Complementary and Alternative Medicine” (eCAM). [5] No entanto, devo insistir que o requisito mínimo para que os fenômenos homeopáticos sejam constatados está na mente aberta dos observadores (como se posicionaram os estudantes de medicina da FMUSP), sem preconceitos, tanto na pesquisa quanto na terapêutica. Caso contrário, são “pérolas jogadas aos porcos”. Referências [1] Teixeira MZ. Results of mass overdose of homeopathic medicines in United Kingdom: scepticism or prejudice? [Letter to the Editor]. Int J High Dilution Res. 2010; 9(30): 3-4. Disponível em: http://www.feg.unesp.br/~ojs/index.php/ijhdr/article/view/374/412 [2] Jones S. Homeopathy protesters to take 'mass overdose' outside Boots. Guardian.co.uk, London, 29 January 2010, Life & Style. Disponível em: http://www.guardian.co.uk/lifeandstyle/2010/jan/29/sceptics-homeopathy-mass-overdose-boots [3] Freeman H. Me and my homeopathic overdose. The Guardian, London, 3 February 2010. Disponível em: http://www.guardian.co.uk/commentisfree/2010/feb/03/homeopathy-overdose-hadley-freeman [4] Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Disciplina eletiva “Fundamentos da Homeopatia” (MCM0773). Disponível em: http://fm.usp.br/homeopatia [5] Teixeira MZ. Brief homeopathic pathogenetic experimentation: a unique educational tool in Brazil. Evid Based Complement Alternat Med. 2009; 6(3): 407-414. Disponível em: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2722208/pdf/nem128.pdf. |